Rejeição dos colegas é um dos pontos mais delicados e exige equilíbrio emocional
Um dia o funcionário chega à empresa e a tão esperada promoção finalmente é anunciada. Passada a euforia, é hora de colocar a mão na massa e assumir o posto de chefe.A partir daí, muitos desafios se colocam para esse profissional que vai, pela primeira vez, gerenciar pessoas. O primeiro diz respeito a possibilidade de ele ser encarregado de liderar profissionais com as quais se relacionava como colegas de equipe. “A inveja pode fazer com que os antigos pares questionem a autoridade do novo chefe”, afirma Rogério Martins, especialista da Persona Consultoria. “É preciso ter equilíbrio interno para lidar com essa situação, pois o profissional tende a se sentir isolado.”
Para o professor da área de gestão estratégica de pessoas da Fundação Dom Cabral Marco Túlio Zanini, o autocontrole é essencial, assim como a habilidade de separar o que é do âmbito profissional e o que é do pessoal. “Aos poucos o funcionário constrói sua história e faz com que reconheçam a legitimidade de sua liderança”, diz.
Nova postura
Entender que as relações mudaram é um passo importante para quem assume um cargo de chefia. “O profissional passa a ter outra visão e acesso a informações diferenciadas e nem sempre vai defender as mesmas causas que defendia na posição de subordinado”, explica Martins.
A relação com as antigas tarefas também precisa ficar bem resolvida. Ao assumir novas atribuições ele muitas vezes precisará delegar. “A habilidade do líder, muitas vezes, é gerir especialistas, ou seja, saber tirar o melhor de cada um”, afirma Zanini
Erros comuns
Na opinião do professor um dos erros mais comuns daqueles que assumem um cargo de chefia é a vaidade. “Ele não pode acreditar que por estar em determinada posição hierárquica sabe mais que seus subordinados”, diz. “Quando a pessoa assume que é a melhor, deixa de ouvir os outros, o que é muito perigoso.”
A dificuldade de estabelecer limites, separando as relações de amizade das de comando é outro ponto delicado. “Às vezes as decisões são impopulares”, afirma Martins. “Todo cargo de liderança tem um aspecto de solidão”, aponta Zanini.
Tentar impor a autoridade também pode ser uma armadilha. “Não adianta só dar ordens, é necessário envolver as pessoas em torno de um objetivo”, diz o especialista da Persona Consultoria.
Ajuda que vem de cima
Em momentos de grande indecisão, uma boa saída para o novo chefe é buscar o apoio de seus líderes. “Se o funcionário confia em seus superiores, pode recorrer a eles, buscando direcionamento”, diz Zanini.
Para Martins, interagir com outros líderes, da empresa e amigos, ou com profissionais especializados em gestão é outro caminho possível. A leitura de livros e revistas também é importante para conhecer outros cenários e desenvolver habilidades. “Não há uma regra. É preciso ter sensibilidade”, afirma.
Treinamento dentro da empresa
Para auxiliar os líderes no processo de desenvolvimento muitas empresas recorrem a treinamentos e técnicas diferenciadas de capacitação. O Hospital Israelita Albert Einstein, por exemplo, criou um Centro de Simulação Realística no qual, entre outras atividades, os profissionais interagem com atores, simulando situações do dia a dia.
No caso da capacitação dos líderes, as simulações envolvem ações como demissão, contratação, avaliação, entre outros. "Normalmente um participante interage com os atores enquanto os demais assistem. Depois da simulação, todos discutem a reação do chefe naquela situação", afirma Cristina Mizoi, gerente de treinamento do centro.
De acordo com ela, a metodologia ajuda a fazer a conexão entre a teoria e a prática e os resultados do trabalho são positivos. "Já treinamos cerca de 230 profissionais e observamos melhorias no processo de avaliação, no índice absenteísmo e na contratação de funcionários", diz Cristina. "O objetivo é dar subsídios ao líder, mas nada melhor que o apoio de um superior, em situações mais complexas", afirma.
Fonte: http://economia.ig.com.br/carreiras/assumir+posicao+de+chefia+traz+desafios/n1237807852857.html
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