AGRADECIMENTOS

"Consulte não a seus medos, mas a suas esperanças e sonhos. Pense não sobre suas frustrações, mas sobre seu potencial não usado. Preocupe-se não com o que você tentou e falhou, mas com aquilo que ainda é possível a você fazer."

Papa João Paulo XXII


Nós do ETEC Martin Luther King- Extensão João Crispiniano agradecemos a todos os grandes momentos vividos.
À todos que fizeram parte desta grande história, Coordenadores,Professores, Alunos e Pais.... "OBRIGADO"





PPG: Plano Plurianual de Gestão

Plano Escolar 2015 /2019 está disponível na coordenação.







O Plano de Curso de Administração, Serviços Jurídicos e Contabilidade e o PTD- Plano de Trabalho Docente, estão disponíveis para consulta na sala de coordenação da escola.




Fale Conosco: dir.martinlutherking@centropaulasouza.sp.gov.br



etecguarulhos@bol.com.br



· CARTÃO BOM – Instruções no Mural da Etec, Piso Térreo.




· Horário de Atendimento da Coordenação: 18:00 ás 22:40 horas.









ATENÇÃO ALUNO!



· Você pode verificar sua freqüência a qualquer momento no Diário de Classe.



Atenção Alunos!

Para maiores informações referente ao período de inscrições acessem o site:

www.vestibulinhoetec.com.br



Resultados da Pesquisa Web Sai 2014 está disponível na sala da Coordenação!





terça-feira, 28 de setembro de 2010

CLASSE C CHEGA AS LIDERANÇA

por Daniela Lessa - Canal Rh -  Ano 2010 - Nº 78 - setembro / 2010
 
A classe C, símbolo da melhor distribuição de renda no País, está cuidando de tomar para si a parte que lhe cabe – não só no consumo, mas em termos de oportunidades. Ao contar com um aumento real do poder de compra do salário mínimo ao longo dos últimos anos e uma ajuda das políticas de crédito, esses cidadãos podem dedicar parte do orçamento mais folgado à própria instrução e começam a obter postos de liderança no mercado corporativo.

A história de Francine de Paula, de 27 anos, coordenadora de callcenter da Daleth, empresa especializada em prestar serviços de telemarketing, é um exemplo do caminho que profissionais desse estrato social estão traçando para conquistar postos de trabalho mais bem remunerados e, com o tempo, saltar para a classe B, identificada, também, como média-alta. Estudante do colégio público Soinco 2, em Guarulhos, na Grande São Paulo, Francine formou-se no magistério e ingressou na profissão de professora. Paralelamente, e com seu próprio salário, cursou a Faculdade de Pedagogia, na Universidade de Guarulhos (UNG), em horário noturno, e especializou-se em pedagogia empresarial, ramo da graduação que a qualifica para atuar na área de Recursos Humanos.

Durante esse percurso de formação acadêmica e profissional, optou por trabalhar como operadora de telemarketing, já considerando a perspectiva de conquistar postos profissionais mais elevados. “Eu sabia que nessa área teria mais possibilidades de crescimento e remuneração do que em Educação e decidi ingressar no mercado.” Dito e feito. Em pouco tempo, chegou a coordenar 300 operadores de telemarketing na empresa em que atuava anteriormente. Na Daleth, embora coordene uma equipe bem menor, apenas 30 pessoas, a ascensão também foi rápida: em dois anos, passou de operadora a supervisora e, agora, é coordenadora de callcenter. Nessa posição, diferentemente do trabalho anterior, é responsável pela operação de diversos grupos de atendimento, que na Daleth são, basicamente, o SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) de companhias aéreas e a divulgação de promoções de emissoras de TV feita por agências de publicidade.

A escalada de Francine no mercado corporativo, entretanto, não deve parar por aí. Na hierarquia do setor de telemarketing, ainda poderá galgar postos de gerência de callcenter ou passar para a área comercial, que envolve a captação de clientes e a capacitação de profissionais. “A gente sempre quer crescer, não é?”, diz ela e faz por onde. Atualmente, estuda inglês e está cogitando cursar uma pós-graduação em recrutamento e seleção. “Já estou pesquisando, e a decisão depende principalmente de ter tempo”, afirma.

Francine reconhece ainda que não é apenas a escolaridade que a credita para assumir postos de liderança, mas também seu comportamento. Ela mesma destaca como aspectos essenciais responsabilidade, respeito pelos demais, precisão e tenacidade. “Toda vida assumi minhas responsabilidades; acho que a gente tem de correr atrás para conseguir as coisas, e sempre procuro fazer o trabalho da melhor forma possível”, complementa. “Acho que isso conta porque nunca tive problema em nenhuma empresa em que trabalhei; sequer recebi advertências e só saí por vontade própria, em busca de algo melhor.”

Com história semelhante, o sócio-diretor da Total IP, Fernando Lujan, de 28 anos, apostou em sua formação escolar para elevar sua condição econômica. “Sou de Francisco Morato, na periferia de São Paulo, e morava com a minha mãe, professora aposentada com um rendimento de R$ 700 por mês. Eu sabia que o único jeito de quebrar essa barreira econômica era por meio do estudo”, lembra.

Aos 16 anos, Lujan começou a trabalhar como frentista e passou para o curso técnico de processamento de dados numa Etec de Francisco Morato. Nessa fase, com um salário mensal de R$ 350, começou a economizar para pagar a faculdade. “Na minha época, o curso técnico era integrado e algumas disciplinas eram cortadas do currículo para dar espaço às matérias técnicas, então, eu sabia que não conseguiria passar em uma federal. Por outro lado, queria fazer uma faculdade de primeira linha”, justifica. Lujan acabou passando na Federal de Itajubá, na PUC-SP e no Mackenzie e optou pela PUC, onde cursou Ciência da Computação e já terminou também um MBA voltado para tecnologia, o MBIS.

Números já mostram a mudança

Seu ingresso na atividade empresarial, porém, foi inesperado. Confessa que pensava em atuar como executivo de uma grande empresa no futuro, mas, já no estágio, no Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), desenvolveu um sistema de telefonia que representou uma redução significativa dos custos com telefonemas. O sócio do Nube o convidou para montar uma empresa que vendesse esses serviços de telefonia criados. Essa empresa é a Total IP. Para ele, o segredo do sucesso, além de estudar, é ter força de vontade e trabalhar. “Trabalho é o motor da evolução.” Lujan, casado e sem filhos, acredita que se vier a ter crianças pretende matriculá-las em colégio particular e, logo cedo, em curso de inglês. “Acho que com isso posso ajudar meus filhos a conquistarem posições melhores que a minha na vida.”

A tendência de crescimento socioeconômico percebida por Lujan e Francine pode ser corroborada por meio de uma série de indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Instituto de Pesquisa e Econômica Aplicada (IPEA) e da Fundação Getulio Vargas (FGV). Na Síntese de Indicadores Sociais – 2009, do IBGE, a evolução do quesito Educação demonstra esse movimento de elevação dos anos de estudo dos brasileiros nos últimos dez anos. De acordo com a Síntese, em 1998, os brasileiros com curso superior completo (15 anos de estudo ou mais) representavam 6,6% da população com 25 anos de idade ou mais; em 2008, esse porcentual era de 9,5% da população com 25 anos de idade ou mais.

Em termos de mobilidade social, o levantamento A nova classe média, do pesquisador Marcelo Neri, da FGV, revela que a parcela da população concentrada na classe C e superiores cresceu, o número de cidadãos na classe E diminuiu, e a classe D se manteve no mesmo patamar. Segundo seus cálculos, a classe C representava 44,19% da população brasileira em 2002 e, em 2008, saltou para 51,89% da população nacional. O grupamento formado pelas classes A e B era de 12,99% em 2002 e passou a 15,52% em 2008. O núcleo das classes mais baixas D e E diminuiu de 42,82%, em 2002, para 32,5%, em 2008. O pesquisador ressalta, entretanto, que o estrato social responsável por essa diminuição é a classe E, que foi reduzida em dez pontos porcentuais observados na cifra conjunta.

Análises do IPEA calculam, ainda, que 18,5 milhões pessoas ascenderam socialmente no Brasil em três anos – de 2005 a 2008. O diretor de Estudos e Políticas Sociais do Instituto, Jorge Abrahão informa que as pesquisas demonstram que as faixas econômicas de menor rendimento obtiveram maior aumento de renda entre 2003 e 2008 do que as faixas com renda mais elevada. Para ele, a renda per capita da décima parte mais pobre cresceu 13,5% no período; o quinto decil – correspondente à classe média – teve aumento de 10,9% em sua renda no mesmo período e o decil que reúne os mais ricos elevou sua renda em 6,9% no comparativo de 2008 e 2003. “Todo o mundo saiu ganhando, mas os mais pobres ganharam mais”, resume.

Esse conjunto de informações faz supor que o País passa por uma fase econômica que propicia a ascensão social. Nesse momento, cidadãos oriundos da classe E passam para a D, os da D passam para a C, os da C para a B e estes, eventualmente, chegam à classe A. O aumento dos anos de escolaridade também patenteia a melhoria da renda da população e a expectativa de melhoria de vida. Doutor em Administração pela USP e professor livre-docente da mesma universidade, Joel Dutra é um dos que acreditam que o Brasil vive um momento positivo economicamente e destaca que em períodos de prosperidade há um movimento de inclusão social. O professor compara o fenômeno percebido atualmente ao semelhante ocorrido nos anos 1960-70, quando o Brasil atravessou um processo de industrialização e alcançou o Milagre Econômico, com a inclusão de milhares de trabalhadores na indústria.

Falta visão às empresas

O consultor empresarial Sidnei Oliveira, sócio-diretor da Kantu Educação Executiva e autor de Geração Y – O Nascimento de uma Nova Versão de Líderes, acredita que o potencial de liderança da classe C ainda é ignorado pelas corporações, no entanto, não demorará muito a despontar. Em sua avaliação, em cinco anos, aproximadamente, as grandes empresas sentirão o impacto dessa classe C, que é numerosa, está se instruindo e busca postos de trabalho de melhor qualidade. “Hoje, ainda há um preconceito velado, mas à medida que a empresa percebe esse estrato social como consumidor, perceberá também como colaborador”, vaticina.

A análise de Oliveira aponta os callcenters como um setor dominado pela classe C e D em ascensão e sua visão vai ao encontro das experiências de Francine e Lujan. “Os gestores estão ficando mais tempo nos postos de comando porque têm medo de nomear novos líderes, que, embora sejam ótimos tecnicamente, não foram expostos ao código tácito do mundo empresarial.”

Dutra, por sua vez, admite que as classes A e B têm mais vantagem para ingressar e permanecer em posições mais elevadas no mercado corporativo, embora acredite que a mobilidade social no Brasil seja relativamente fácil, se comparada a países europeus, como França e Inglaterra. “O sistema educacional da Europa é um fator de manutenção da elite em posições de elite; aqui também, ainda que não seja tão fechado”, destaca.
De acordo com sua análise, a vantagem dos jovens de classes mais abastadas advém, sobretudo, do acesso à informação corporativa de forma privilegiada, em conversas triviais com amigos e pais de amigos atuantes nesse ambiente. “O conhecimento sobre gestão, por exemplo, está no dia a dia dos jovens de classe A e B; não é uma notícia de jornal e, ter acesso a isso, é um privilégio”, constata.

O especialista acredita também que a facilidade de quem nasceu em berço de ouro é ter adquirido hábitos da elite. Segundo ele, “o conceito de hábitos de classe é uma definição da sociologia, que pressupõe que a pessoa oriunda de determinado estrato social adquira seus costumes e saiba transitar melhor em ambientes afinados com esses códigos”. No entanto, Dutra alerta que esse fato não impede ninguém de adquirir novos conhecimentos, caso se adapte a novas experiências e, eventualmente, traga um diferencial para as companhias. “Um rapaz que tenha nascido e vivido nos Jardins (bairro nobre de São Paulo) toda a sua vida talvez tenha uma visão de mundo restrita às suas experiências, enquanto outro, da classe C, mais exposto às diversas situações, tenha mais sensibilidade para perceber a necessidade das pessoas e seja capaz de criar produtos, serviços e estratégias mais adequados”, supõe.

A identificação com costumes, hábitos sociais e a coerência com a própria trajetória de vida é um aspecto ao qual se deve ter atenção durante o processo de ascensão social. De acordo com a diretora de Desenvolvimento Humano da Rhumo – Consultoria Empresarial, Lara Rosane Castro, a iminência de uma mudança de classe social pode provocar certo temor, e a pessoa pode não avançar mais. “Com medo de perder seus referenciais de origem, o profissional pode até se autoboicotar”, alerta. Lara, que também é diretora da Associação Brasileira de Recursos Humanos em Minas Gerais (ABRH-MG) e ministra treinamentos de Coaching, conta que teve de lidar com dois casos semelhantes recentemente. “Uma profissional da área da Saúde tinha dificuldade em lidar com a mudança de classe social e temia uma viagem internacional; outra executiva quase perdeu o emprego porque não queria assumir um cargo de liderança e não poderia voltar ao cargo técnico que ocupara”, conta. Ambas eram mulheres oriundas da classe média-baixa.

A consultora informa que percorreu uma trajetória profissional nos moldes do desenvolvimento da classe C: foi estudante de escola pública em Belo Horizonte e formada por universidade particular em curso noturno. Lara diz que o diferencial da classe C para alcançar postos de liderança é o empenho com que se dedicam aos estudos e ao trabalho, objetivando ascender socialmente. “Considerando os princípios do CHA (Competência, Habilidade e Atitude), a classe C tem mais atitude”, afirma. Por outro lado, destaca que uma habilidade normalmente favorecida entre os profissionais oriundos das classes A e B é uma visão mais ampla e mais estratégica da atividade corporativa.

A opinião de Márcia Palmeira, diretora da Right Management, é que “quem chegou à liderança, vindo da classe C não chegou à toa; foi com esforço e dedicação”. No entanto, faz a ressalva de que, ocasionalmente, esses líderes podem ser excessivamente exigentes por ter um padrão muito alto de realização. A lógica é que, se eles conseguiram superar inúmeras barreiras, todo o mundo tem obrigação de conseguir o mesmo. “Isso pode até comprometer a liderança, se não estiver na medida certa”, adverte. A executiva comenta, ainda, que pessoas que partem de uma classe social mais baixa e alcançam postos expressivos em companhias costumam apresentar características importantes no mundo corporativo: resiliência e persistência. Para Lara, a questão se resume em uma frase: “Toda história de superação é um diferencial para um líder”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário